A mulher que trabalha com agronegócio no Vale do Piracicaba (Agtech Valley) tem características inerentes de sua localização geográfica e vocação do ecossistema onde está inserida, que é voltado para a pesquisa, inovação e tecnologia na agropecuária. De acordo com levantamento inédito feito pela empresa Ello Agronegócios, em parceira com o Agtech Valley, elas são jovens (40% têm entre 17 e 25 anos), com boa formação acadêmica (37% têm graduação completa e 28%, pós-graduação), 30% trabalham como colaboradoras em instituições de ensino e pesquisa e 29% em empresas de insumos e cooperativas.
A pesquisa foi feita via formulário online e respondida por 100 mulheres. “Apesar de serem capacitadas e se sentirem preparadas para as suas funções, as entrevistadas têm rendimento e ocupações medianas dentro das organizações onde trabalham, o que evidencia o principal desafio elencado por elas, o de ter reconhecimento profissional”, explica a gestora de Comunicação e Marketing da Ello Agronegócios, Flávia Romanelli.
A mão-de-obra feminina ainda enfrenta barreiras na ascensão profissional, na promoção a cargos de gestão e para ter salários compatíveis com os de homens na mesma função, o que não se mostra diferente no Vale do Piracicaba. “Mesmo as agtechs sendo ambientes onde impera a modernidade, a maioria tem poucas mulheres em seus quadros profissionais e acaba perpetuando essa realidade do agro como um todo”, diz o gestor de Análises e Pesquisas da Ello, Henrique Servolo.
No levantamento, fica evidente que a maioria das trabalhadoras avaliadas (62%) já sofreu preconceito no ambiente de trabalho por ser mulher e muitas passaram por assédio moral (30%) e até mesmo sexual (11%) quando desempenhavam suas funções. “Apesar das dificuldades, o protagonismo feminino no agronegócio é cada vez mais evidente, assim como no Vale do Piracicaba e nos ambientes de inovação voltados para a agropecuária 4.0, e a tendência é que se destaque cada vez mais”, enfatiza Flávia.
Cenário
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a participação feminina no mercado de trabalho do agronegócio cresceu consistentemente entre 2004 e 2015, passando de 24,11% para 27,97%.
Paralelamente, desde 2016, Piracicaba é conhecida como o Vale do Silício do agronegócio brasileiro – Agtech Valley (Vale do Piracicaba), concentrando mais de 50 agtechs, aceleradoras, hubs de inovação, incubadoras, empresas e importantes centros de ensino e pesquisa no setor.
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